Décimo primeiro domingo de Lucas
(Domingo dos Ancestrais do Senhor)
No domingo entre 11 e 17 de dezembro comemora-se a memória dos antepassados de Cristo Jesus, segundo a carne, e de todos os justos do Antigo Testamento que têm relação com o Salvador, desde Adão até a Virgem Maria .
Parábola do «Grande Banquete»
Nesta parábola, Jesus dá aos críticos e inimigos de sua conduta, a razão de sua predileção pelos pobres e marginalizados de seu tempo. O Reino de Deus é comparado ao banquete que um rei celebra por ocasião das bodas de seu filho. Para esta festa são convidadas pessoas importantes que fazem parte do primeiro escalão da sociedade. Por razões diversas se escusam de comparecer e tomar parte na festa, menosprezando um convite tão seletivo. O rei então, estende seu convite a todos que por ali passam ocasionalmente. Assim, a sala onde se realiza a festa, em pouco tempo, fica ocupada pelos que pertencem às classes mais inferior da sociedade: pobres, aleijados, coxos, viúvas, desempregados, entre outros. O anfitrião entra na sala e apresenta seu Filho aos que ali se encontram.
Deus é este Anfitrião que chama a todos para participar das bodas de seu Filho com a natureza humana, iniciada com a sua Encarnação e consumada com a sua Ressurreição. É Ele o Rei que apresenta ao mundo o seu Filho Unigênito, o Esposo da Nova Aliança, o Esposo da Igreja anunciado pelos Profetas mas, rejeitado pelos "primeiros convidados". O convite à salvação assume, nesta analogia, uma fisionomia nova, a nupcial: o rei é Deus; o banquete é a Salvação que seu Filho, Deus feito homem, nos trouxe; os servos são os Profetas e os Apóstolos; os convidados que rejeitaram o convite são aqueles que, não acolhendo a mensagem do Reino, crucifixaram o Senhor. Finalmente, os que foram arrebanhados para a festa, nas ruas e encruzilhadas, são todos os destinatários da Boa-Nova, os pobres, os marginalizados, os rejeitados etc.
O Reino de Deus se abre a todos, bons e maus, pecadores e santos, gentios e pagãos, puros e impuros. O banquete de bodas é, portanto, o sinal do amor gratuito de Deus ao homem. Os que rejeitam este convite fecham-se ao amor misericordioso de Deus. É a atitude dos que pensam não necessitar da salvação.
O banquete está pronto. Encarnou-se o Filho de Deus e se oferece em sacrifício perpetuamente, em cada celebração litúrgica, pela salvação da humanidade. Eis porque Deus continua renovando o seu convite: “Ide pelas encruzilhadas dos caminhos e a todos que encontrardes, convidai-os para as bodas”. A sala da festa está cheia: bons e maus ali se encontram. É a imagem da Igreja aberta a todos.
A Eucaristia é o grande sinal do banquete do Reino que antecipa o eterno festim messiânico. Somos felizes, pois somos convidados para as bodas do Cordeiro. (cf Ap.19,9) Agora, pertencemos à Nova Jerusalém, a Jerusalém celeste.
Lamentavelmente, muitos ainda são os que continuam a recusar tal convite com as justificativas mais diversas. E, recusar o convite divino é fechar-se à Graça, é escusar-se de participar do banquete do amor e da fraternidade. O banquete não é exclusivo, mas é para todos os irmãos e, por isso, é festa.
São João Crisóstomo, na sua Homilia da noite da santa Ressurreição, presenteia-nos com uma das mais belas formulações do convite para o banquete celestial:
«[...] Entrai, pois, todos no gozo de nosso Senhor; primeiros e últimos recebei a recompensa; ricos e pobres, alegrai-vos juntos; justos e pecadores, honrai este dia; vós que jejuastes e vós que não jejuastes, regozijai-vos uns com os outros; a mesa é farta, saciai-vos à vontade; o vitelo é gordo, que ninguém se retire com fome; tomai todos parte no banquete da fé; participai todos da abundância da graça; que ninguém se queixe de fome, porque o reino universal foi proclamado; que ninguém chore por causa de seus pecados, porque o perdão jorrou do túmulo; que ninguém tema a morte, porque a morte do Salvador nos libertou a todos».
Hoje é um dia feliz para nós que escutamos o convite que brota deste Evangelho. Deus nos chama a todos para a festa de seu Filho. Vamos à Igreja com os irmãos celebrar a vitória da Cruz sobre a morte. Acolhamos ao convite do Rei que nos chama a tomar lugar no banquete de seu Filho. Vinde, exultemos de alegria no Senhor!
Bibliografia:KONINGS, J. Espírito e Mensagem da Liturgia. Petrópolis: Ed. Vozes.
CARVAJAL, F. F. Falar com Deus. São Paulo: Ed. Quadrante.
«Parábola das Bodas»
Nesta parábola, Cristo trata da transferência do Reino de Deus do povo judeu a outros povos, na qual, os "convidados" representam o povo judeu, e os servos — os apóstolos e pregadores da fé cristã. Da mesma maneira que os "convidados" não quiseram entrar no Reino de Deus, a propagação da fé fora transferida "na encruzilhada" — a outros povos. Possivelmente, alguns destes povos não possuíam qualidades religiosas tão elevadas, contudo, manifestaram grande devoção nos serviços a Deus.
«O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho; e enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu tráfico. E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícias disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide pois às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo p elos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com vestido de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo vestido nupcial? E ele emudeceu. Disse então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores: ali haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos» (Mt. 22:2-14).
No contexto de tudo o que foi dito, e das duas parábolas anteriores, esta parábola não exige explicações especiais. Como sabemos a partir da história, o Reino de Deus (Igreja) passou dos judeus aos povos pagãos, difundiu-se com êxito entre os povos do antigo império Romano, e iluminou-se na plêiade infinita dos fiéis a Deus.
O final da parábola dos convidados para as bodas, onde menciona-se o homem que não estava trajado com vestido de núpcias, parece um pouco obscuro. Para compreender esta passagem, deve-se conhecer os hábitos daquela época. Naqueles tempos, os reis, ao convidarem pessoas a uma festa, por exemplo, para uma festa de casamento de um filho do rei, ofertavam-lhes vestes próprias para que todos estivessem trajados de maneira limpa e bela durante o festejo. Mas, de acordo com a parábola, um dos convidados rejeitou o traje real, dando preferência às próprias vestes. Conforme se observa, ele fez isto por orgulho, considerando suas roupas melhores que as reais. Ao rejeitar as vestes reais, ele conturbou o bom andamento da festa e magoou o rei. Devido ao seu orgulho, foi enxotado da festa para as "trevas externas." Nas Escrituras Sagradas, as vestes simbolizavam o estado da consciência. Roupas claras, brancas, simbolizam a pureza e retidão da alma, que são ofertadas como dádivas de Deus, por Sua misericórdia. O homem que rejeitou as vestes reais representa os cristãos orgulhosos que rejeitam a bem-aventurança e a consagração de Deus, ofertadas nos mistérios bem-aventurados da Igreja. A estes "fiéis" jactanciosos podemos comparar os modernos sectários que rejeitam a confissão, a comunhão, e outros meios bem-aventurados oferecidos por Cristo para a salvação das pessoas. Considerando-se santos, os sectários depreciam a importância da quaresma cristã, do celibato voluntário, da vida monástica etc. , apesar das Sagradas Escrituras ressaltarem estes feitos. Estes fiéis imaginários, como escrevia o Apóstolo Paulo, "tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela" (2 Tim. 3:5). Pois a força da piedade não está no exterior, e sim nos feitos pessoais.
Extraído de «Parábolas Evangélicas»
do Bispo Alexander (Mileant), tradução de Marina Tschernyschew
Homilia sobre o Domingo dos Santos Antepassados
(São Gregório Palamas)
David nos indica que nosso Senhor Jesus Cristo não possui genealogia em relação à Sua divindade (Sl 110,4), e Isaías diz o mesmo (Is 53,8), assim como o Apóstolo, mais tarde (Hb 7,3). Como, então, seria possível rastrear a descendência d’Aquele “que é o princípio, e está com Deus, e é Deus, e é o Verbo e Filho de Deus” (Jo 1,1-2,18)? Ele não tem um Pai que tenha sido antes d’Ele, compartilhando com Seu Pai “um nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9). Em sua maioria, as genealogias são traçadas por sobrenomes, mas Deus não possui sobrenome, e qualquer que seja o nome dito sobre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, Eles são um e não diferem em nada.
Impossível é contar a descendência de Cristo segundo Sua divindade, mas sua linhagem humana pode ser traçada, pois Aquele que se dignou a tornar-se Filho do Homem para salvar a humanidade foi descendente de homens. E é essa genealogia que dois dos evangelistas, Mateus e Lucas, registraram. No entanto, embora Mateus, na passagem de seu Evangelho, comece pelos nascidos primeiro, ele não menciona ninguém antes de Abraão. Ele traça a linhagem de Abraão até chegar a José, a quem, por disposição divina, a Virgem Mãe de Deus estava desposada, sendo da mesma tribo e terra que ele, para que sua descendência fosse mostrada, sem que fosse de nenhuma maneira inferior. Já Lucas, ao contrário, começa não pelos primeiros antepassados, mas pelos mais recentes, e, ao fazer sua genealogia retroceder desde José, o desposado, não para em Abraão, nem, tendo incluído os predecessores de Abraão, termina em Adão, mas lista Deus entre os antepassados humanos de Cristo (Lc 3,23-38); querendo, em minha opinião, mostrar que desde o princípio o homem não era apenas uma criação de Deus, mas também um filho no Espírito, o qual lhe foi dado juntamente com sua alma, pelo sopro vivificante de Deus (Gn 2,7). Esse Espírito foi-lhe concedido como penhor, para que, se aguardando pacientemente por ele, observasse o mandamento, pudesse compartilhar, por meio do mesmo Espírito, em uma união mais perfeita com Deus, pela qual viveria eternamente com Ele e obteria a imortalidade.
Porém, ouvindo o mal conselho do anjo pernicioso, o homem transgrediu os mandamentos divinos, revelou-se indigno, perdeu o penhor e interrompeu o plano de Deus. Contudo, a graça de Deus é imutável e Seu propósito não pode falhar, de modo que alguns dos descendentes do homem foram escolhidos, para que, dentre muitos, se encontrasse um receptáculo adequado para essa adoção divina e graça, que cumpriria perfeitamente a vontade de Deus e se revelaria como vaso digno de unir a natureza divina e humana em uma só pessoa, não apenas exaltando nossa natureza, mas restaurando a raça humana. A Santa Donzela e Virgem Mãe de Deus foi este vaso, sendo proclamada pelo arcanjo Gabriel como cheia de graça, a escolhida entre os escolhidos, imaculada, sem mácula e digna de conter a pessoa do Deus-homem e colaborar com Ele. Por isso, Deus a preordenou antes de todos os tempos, escolheu-a entre todos os que viveram e julgou-a digna de mais graça do que qualquer outra, tornando-a a mais santa dos santos, mesmo antes de seu misterioso parto. Por essa razão, Ele quis graciosamente que ela fizesse Sua morada no Santo dos Santos, aceitando-a como Sua companheira para compartilhar Sua morada desde a sua infância. Ele não a escolheu simplesmente entre as massas, mas entre os eleitos de todos os tempos, que foram admirados e renomados por sua piedade, sabedoria e por seu caráter, palavras e ações, que agradaram a Deus e trouxeram benefício a todos.
Observe também que o Espírito Santo deixa claro para os que têm entendimento que toda a Escritura divinamente inspirada foi escrita por causa da Virgem Mãe de Deus. Ela narra em detalhes toda a linhagem de sua ascendência, que começa com Adão, passando por Set, Noé, Abraão, bem como Davi e Zorobabel, aqueles entre eles e seus sucessores, até o tempo da Virgem Mãe de Deus. Em contraste, a Escritura não menciona certas nações, e no caso de outras, ela começa a traçar a sua descendência, mas logo as abandona, deixando-as nos abismos do esquecimento. Acima de tudo, ela comemora aqueles antepassados da Mãe de Deus que, em suas próprias vidas e nas ações que realizaram, prefiguraram Cristo, que seria gerado pela Virgem.
Agora, essas coisas são exemplos e tipos de mistérios maiores, pois era necessário que a linhagem real fosse unida de várias maneiras à raça sacerdotal, que geraria a família de Cristo segundo a carne; porque, de muitas maneiras, Cristo é verdadeiramente o Rei Eterno e o Sumo Sacerdote. E o fato de que os filhos adotivos são contados como filhos, de que a lei aprova pais adotivos não menos e, às vezes, mais do que os pais naturais, e que o mesmo se aplica, de maneira apropriada, a outros tipos de parentesco, foi um exemplo claro e tipo de nossa adoção por Cristo, nosso parentesco com Ele e nossa vocação segundo o Espírito e a lei da graça. Pois o próprio Senhor diz nos Evangelhos: “Quem fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, e irmã, e mãe” (Mt 12,50).
Você percebe que a família e o parentesco de Cristo não são gerados segundo a natureza, mas segundo a graça e a lei que vem da graça? Esta lei é muito superior à lei dada por Moisés, pois enquanto aqueles chamados filhos segundo a lei de Moisés não são nem nascidos de Deus, nem transcendem a natureza humana, os chamados filhos pela lei da graça são nascidos de Deus, elevados acima da natureza e feitos filhos de Abraão através de Cristo, mais intimamente ligados a ele do que os filhos segundo o sangue. Todos os que foram batizados em Cristo, diz Paulo (Gl 3,27), se revestiram de Cristo, e embora sejam filhos de outros conforme a natureza, são nascidos sobrenaturalmente de Cristo, que assim conquista a natureza. Pois, assim como Ele se encarnou sem semente do Espírito Santo e da sempre Virgem Maria, Ele concede potencial e poder àqueles que creem em Seu nome para se tornarem filhos de Deus. Pois “aos que O receberam”, diz o evangelista, “a eles deu o poder de se tornarem filhos de Deus, a saber, aos que creem em Seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1,12-13). Por que, ao dizer “que nasceram de Deus”, ele não diz “e se tornaram filhos de Deus”, mas “receberam o poder de se tornarem”? Porque ele olhava para o fim e a restauração universal, para a perfeição da era que está por vir. O mesmo evangelista diz em suas epístolas: “Ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele” (1 Jo 3,2). Então seremos filhos de Deus, vendo e experimentando o resplendor de Deus, com os raios da glória de Cristo brilhando ao nosso redor, e nós mesmos brilhando, como Moisés e Elias nos provaram quando apareceram com Ele na glória no Monte Tabor (Mt 17,3, Lc 9,30). “Os justos”, diz a Escritura, “brilharão como o sol no reino de seu Pai” (Mt 13,43). Recebemos o poder para isso agora, através da graça do batismo divino. Assim como um recém-nascido recebe do pai e da mãe o potencial para se tornar um homem e herdeiro de sua casa e fortuna, mas ainda não possui essa herança porque é menor de idade, nem a receberá se morrer antes de atingir a maioridade, da mesma forma, uma pessoa renascida no Espírito pelo batismo cristão recebeu o poder de se tornar filho e herdeiro de Deus, co-herdeiro com Cristo, e, na era vindoura, com toda a certeza, receberá a adoção divina e imortal como filho, que não será tirada dele, a menos que perca isso pela morte espiritual.
Todos os batizados, para obterem a bem-aventurança eterna e a salvação pela qual esperam, devem viver livres de todo pecado. Pedro e Paulo, líderes da mais alta companhia dos santos apóstolos, deixaram isso claro. Paulo disse de Cristo: “Porquanto, tendo Ele morrido, morreu para o pecado de uma vez; mas, vivendo, vive para Deus”, acrescentando: “assim também nós devemos considerar-nos mortos para o pecado, mas vivos para Deus” (Rm 6,10-11). Já Pedro escreveu: “Pois, tendo Cristo padecido na carne, armai-vos também com o mesmo pensamento, para que não vivais o restante da vossa vida na carne, segundo as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus” (1Pd 4,1-2). Se foi por nossa causa que o Senhor viveu Seu tempo na terra, para nos deixar um exemplo, e Ele passou Sua vida sem pecado, também devemos viver sem pecado, em imitação a Ele. Pois Ele disse até mesmo aos descendentes de Abraão segundo a carne: “Se fostes filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão” (Jo 8,39). Quanto mais dirá Ele a nós, que não temos parentesco físico com Ele: “Se fostes meus filhos, faríeis as minhas obras”? Portanto, é justo e coerente que todo aquele que, após o batismo divino, após os votos feitos a Deus e a graça recebida, não seguir o caminho de vida de Cristo passo a passo, mas transgredir e ofender contra o Benfeitor, seja privado por completo da adoção divina e da herança eterna.
Mas, ó Cristo, nosso Rei, quem poderá exaltar de maneira digna a grandeza do Seu amor pela humanidade? O que era desnecessário para Ele, e o que Ele não fez, ou seja, o arrependimento (pois Ele nunca precisou se arrepender, sendo sem pecado), Ele nos concedeu como Mediador para quando pecamos, mesmo após termos recebido a graça. Arrependimento significa retornar a Ele e a uma vida segundo Sua vontade, por remorso. Mesmo que alguém cometa um pecado mortal, se ele se afastar disso com toda a sua alma, se abster dele e retornar ao Senhor em obra e verdade, deve ter coragem e boa esperança, pois não perderá a vida eterna e a salvação. Quando uma criança segundo a carne encontra a morte, ela não é trazida de volta à vida por seu pai, mas alguém nascido de Cristo, embora caia em pecados mortais, se voltar e correr para o Pai que ressuscita os mortos, será vivificado novamente, obterá a adoção divina e não será afastado da companhia dos justos.
Que todos nós alcancemos isso, para a glória de Cristo, de Seu Pai sem princípio e do Espírito Vivificador, agora e sempre, e por todos os séculos. Amém.
Fonte:
Cristianismo Ortodoxo
Extraído do site: ecclesia.com.br
Nesta parábola, Jesus dá aos críticos e inimigos de sua conduta, a razão de sua predileção pelos pobres e marginalizados de seu tempo. O Reino de Deus é comparado ao banquete que um rei celebra por ocasião das bodas de seu filho. Para esta festa são convidadas pessoas importantes que fazem parte do primeiro escalão da sociedade. Por razões diversas se escusam de comparecer e tomar parte na festa, menosprezando um convite tão seletivo. O rei então, estende seu convite a todos que por ali passam ocasionalmente. Assim, a sala onde se realiza a festa, em pouco tempo, fica ocupada pelos que pertencem às classes mais inferior da sociedade: pobres, aleijados, coxos, viúvas, desempregados, entre outros. O anfitrião entra na sala e apresenta seu Filho aos que ali se encontram.
Deus é este Anfitrião que chama a todos para participar das bodas de seu Filho com a natureza humana, iniciada com a sua Encarnação e consumada com a sua Ressurreição. É Ele o Rei que apresenta ao mundo o seu Filho Unigênito, o Esposo da Nova Aliança, o Esposo da Igreja anunciado pelos Profetas mas, rejeitado pelos "primeiros convidados". O convite à salvação assume, nesta analogia, uma fisionomia nova, a nupcial: o rei é Deus; o banquete é a Salvação que seu Filho, Deus feito homem, nos trouxe; os servos são os Profetas e os Apóstolos; os convidados que rejeitaram o convite são aqueles que, não acolhendo a mensagem do Reino, crucifixaram o Senhor. Finalmente, os que foram arrebanhados para a festa, nas ruas e encruzilhadas, são todos os destinatários da Boa-Nova, os pobres, os marginalizados, os rejeitados etc.
O Reino de Deus se abre a todos, bons e maus, pecadores e santos, gentios e pagãos, puros e impuros. O banquete de bodas é, portanto, o sinal do amor gratuito de Deus ao homem. Os que rejeitam este convite fecham-se ao amor misericordioso de Deus. É a atitude dos que pensam não necessitar da salvação.
O banquete está pronto. Encarnou-se o Filho de Deus e se oferece em sacrifício perpetuamente, em cada celebração litúrgica, pela salvação da humanidade. Eis porque Deus continua renovando o seu convite: “Ide pelas encruzilhadas dos caminhos e a todos que encontrardes, convidai-os para as bodas”. A sala da festa está cheia: bons e maus ali se encontram. É a imagem da Igreja aberta a todos.
A Eucaristia é o grande sinal do banquete do Reino que antecipa o eterno festim messiânico. Somos felizes, pois somos convidados para as bodas do Cordeiro. (cf Ap.19,9) Agora, pertencemos à Nova Jerusalém, a Jerusalém celeste.
Lamentavelmente, muitos ainda são os que continuam a recusar tal convite com as justificativas mais diversas. E, recusar o convite divino é fechar-se à Graça, é escusar-se de participar do banquete do amor e da fraternidade. O banquete não é exclusivo, mas é para todos os irmãos e, por isso, é festa.
São João Crisóstomo, na sua Homilia da noite da santa Ressurreição, presenteia-nos com uma das mais belas formulações do convite para o banquete celestial:
Hoje é um dia feliz para nós que escutamos o convite que brota deste Evangelho. Deus nos chama a todos para a festa de seu Filho. Vamos à Igreja com os irmãos celebrar a vitória da Cruz sobre a morte. Acolhamos ao convite do Rei que nos chama a tomar lugar no banquete de seu Filho. Vinde, exultemos de alegria no Senhor!
Bibliografia:
CARVAJAL, F. F. Falar com Deus. São Paulo: Ed. Quadrante.
«O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho; e enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu tráfico. E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícias disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide pois às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo p elos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com vestido de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo vestido nupcial? E ele emudeceu. Disse então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores: ali haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos» (Mt. 22:2-14).
No contexto de tudo o que foi dito, e das duas parábolas anteriores, esta parábola não exige explicações especiais. Como sabemos a partir da história, o Reino de Deus (Igreja) passou dos judeus aos povos pagãos, difundiu-se com êxito entre os povos do antigo império Romano, e iluminou-se na plêiade infinita dos fiéis a Deus.
O final da parábola dos convidados para as bodas, onde menciona-se o homem que não estava trajado com vestido de núpcias, parece um pouco obscuro. Para compreender esta passagem, deve-se conhecer os hábitos daquela época. Naqueles tempos, os reis, ao convidarem pessoas a uma festa, por exemplo, para uma festa de casamento de um filho do rei, ofertavam-lhes vestes próprias para que todos estivessem trajados de maneira limpa e bela durante o festejo. Mas, de acordo com a parábola, um dos convidados rejeitou o traje real, dando preferência às próprias vestes. Conforme se observa, ele fez isto por orgulho, considerando suas roupas melhores que as reais. Ao rejeitar as vestes reais, ele conturbou o bom andamento da festa e magoou o rei. Devido ao seu orgulho, foi enxotado da festa para as "trevas externas." Nas Escrituras Sagradas, as vestes simbolizavam o estado da consciência. Roupas claras, brancas, simbolizam a pureza e retidão da alma, que são ofertadas como dádivas de Deus, por Sua misericórdia. O homem que rejeitou as vestes reais representa os cristãos orgulhosos que rejeitam a bem-aventurança e a consagração de Deus, ofertadas nos mistérios bem-aventurados da Igreja. A estes "fiéis" jactanciosos podemos comparar os modernos sectários que rejeitam a confissão, a comunhão, e outros meios bem-aventurados oferecidos por Cristo para a salvação das pessoas. Considerando-se santos, os sectários depreciam a importância da quaresma cristã, do celibato voluntário, da vida monástica etc. , apesar das Sagradas Escrituras ressaltarem estes feitos. Estes fiéis imaginários, como escrevia o Apóstolo Paulo, "tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela" (2 Tim. 3:5). Pois a força da piedade não está no exterior, e sim nos feitos pessoais.
Homilia sobre o Domingo dos Santos Antepassados
(São Gregório Palamas)
Vida dos Santos
Data de celebração: 15/12/2024
Tipo de festa: Fixa
Santo (a) do dia: Santo Eleutério, Hieromártir e sua mãe Antia († c. 130)
Biografia:
Extraído do site: ecclesia.com.br
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