4º Domingo da Quaresma:
«São João Climaco»
(3º antes da Páscoa - Modo 4)
São João Clímaco
São João Clímaco nasceu por volta de 579 e morreu no Egito, no ano 649. Aos 60 anos foi eleito abade do Mosteiro do Sinai. Seu nome "Clímaco" é um codinome derivado da obra escrita em grego, intitulada "Klimax tou Paradeisou". Sua obra ficou tão afamada que rapidamente o autor era referido como "João da Escada" ou, "João Clímaco".
Escreveu esta obra quando ainda era abade. Em 30 capítulos ou 30 degraus, como preferia chamar, explicava quais os vícios perigosos para os monges e quais as grandes virtudes que os distinguiam. O próprio João Clímaco comparava sua obra à escada de Jacó ou também aos 30 anos da vida de Jesus.
A obra encontrou aceitação e rápida divulgação: atesta-se a existência de 33 manuscritos gregos, muitas traduções latinas, siríacas, armênias, eslavas e árabes. Junto à obra, como apêndice, está um importante documento que orienta os abades a exercer santamente sua autoridade dentro do monastério.
Para São João Clímaco, o ideal monástico é uma vida hesycasta onde trava-se uma guerra invisível e constante contra os maus pensamentos para que eles não atrapalhem a vida de oração do monge. Ele era um bom conhecedor dos Antigos Padres - dos solitários do deserto egípcio aos Padres da Palestina. Considerava a vida monástica como necessária para a vida da Igreja, não só como um apostolado, mas como exemplo de vida a ser seguida.
Para João Clímaco, os monges devem influenciar a Igreja por viverem uma vida angelical, embora ainda possuíssem um corpo material e corruptível. Dizia que o chamado à vida monástica é para poucos e não para todos.
Após termos vivido as riquezas da celebração do "Domingo da Venerável e Vivificante Cruz", o domingo posterior nos convida a descobrir os valores da oração, do sacrifício e dos jejuns, tendo como exemplo São João Clímaco. Não é difícil encontrarmos cristãos que pensem que a prática da oração constante e do jejum seja um dever exclusivamente daqueles que abraçaram a vida religiosa.
Parece que num mundo tão materializado, a prática da oração e do jejum são relegados ao esquecimento. A Igreja enfatiza que tais práticas são extensivas a todos os cristãos, pois através delas encontraremos caminhos que nos levam à santidade. Embora a vida monástica não seja para todos, como dizia São João Clímaco, alguns exemplos porém, devem ser seguidos . Entre eles estão a oração e o jejum. Assim dizia a respeito:
«A Oração é o jejum da mente, pois quando rezamos afastamos dela pensamentos mundanos para nos elevar até Deus. O Jejum e a abstinência de certos alimentos é a oração do corpo, pois educamos nossa vontade corporal para se chegar à perfeição espiritual. O jejum refreia a tagarelice. Ele nos fará misericordiosos e dispostos a obedecer; destrói os pensamentos maus e elimina a insensibilidade do coração.O jejum é uma maneira de exprimir o amor e a generosidade; através dele, sacrificam-se os prazeres da terra, para obter as alegrias do céu».
No jejum, o homem fundamenta sua vida em Deus e não em si mesmo. Através de um corpo educado pela vontade, buscamos a Deus Uno e Trino, verdadeiro alimento e verdadeira água viva.
São João Clímaco definia a oração como uma profunda amizade com Deus. O amigo sente necessidade de estar com o seu amigo. Desta forma a saudade de se estar com Deus é amenizada pela oração. A oração é o oxigênio da alma. É o hálito do Espírito Santo que perpassa todo o interior da pessoa.
«Orai sem cessar», dizia São Paulo. Este conselho paulino não pode ser entendido como o afastamento completo de nossas responsabilidades nem como escusa no cumprimento de nossos compromissos. Devemos rezar em nossos momentos de trabalho. Fazer do nosso trabalho um ato de louvor ao Criador é um ideal.
Grandes monges de longa experiência de vida em oração, nos dão algumas orientações para que possamos chegar ao amadurecimento espiritual. Para iniciarmos uma vida de oração são necessários alguns cuidados: devemos esforçar para evitar tudo o que agita o nosso coração, tudo que é causa de falta de atenção, de super excitação, tudo o que desperta as paixões ou nos torna ansiosos. Na medida do possível, devemos nos libertar do barulho, da agitação e da inquietação. Basta termos certeza que a graça de Deus nos é suficiente e a Ele nos entregar.
Não menos importante é nos libertar das inquietações internas: nossa alma deve estar apaziguada, tranqüila e serena. Não podemos nos apresentar diante de Deus para rezar possuindo sentimentos de rancor, ódio, frieza no coração.
São João Clímaco também nos orienta que para se viver uma vida de oração verdadeira é preciso antes sermos obedientes à voz de nossa alma. Devemos obedecer à voz de nossa alma quando nosso corpo exige que se satisfaça suas vontades. A obediência é um instrumento indispensável, na luta contra a própria vontade.
"Ela é a condenação à morte dos membros do nosso corpo, em benefício da vida do espírito. Ela é ainda a sepultura da vontade própria, e a ressurreição da humildade"
(Escada, Degrau 3:3).
Por mais que façamos jejuns e ofereçamos nossa oração a Deus, é necessário termos consciência de que Deus não precisa do nosso jejum, nem tem necessidade da nossa oração. Ele é perfeito, nada lhe falta, e não pode precisar de coisa alguma que nós, suas criaturas, possamos lhe oferecer. Nada temos para lhe dar; mas, diz São João Crisóstomo, «Ele aceita que lhe apresentemos as nossas ofertas, para nossa própria santificação».
A maior oferenda que podemos apresentar ao Senhor, somos nós mesmos; e, só o poderemos fazer, entregando-lhe nossa vontade. Aprendemos isso pela obediência; e aprendemos a obedecer pela prática. Estar ciente destas verdades e ainda assim sermos pessoas de oração e de jejuns significa que o orgulho e a vaidade foram dominados.
A oração é uma das asas que nos erguem para o céu; a outra é a fé. Com uma asa só, não se pode voar: a fé sem a oração é tão vã quanto a oração sem a fé. Mas, se nossa fé for frágil demais, é bom clamarmos: "Senhor, dai-nos a fé!" . Sem a oração, não esperemos encontrar o que tanto procuramos: Deus. A vida de oração é exercitada pela prática constante. Podemos iniciar a passos lentos mas profundos. Cada passo um após o outro deverá ser sinal de progresso na vida espiritual. O tempo é o que menos conta, a qualidade de nossa oração é que faz a diferença.
Quando oramos, nosso "eu" deve calar-se. Segundo São Basílio, nossa oração deve conter quatro elementos: adoração, ação de graças, confissão dos pecados e pedido de salvação. Tanto a oração e o jejum nos auxiliam para a nossa salvação e santificação. A Igreja nos convida a prosseguir nesta caminhada de riquezas que nos fazem sentir encorajados a prosseguir rumo à perfeição. Que Deus nos ilumine e nos dirija nestes santos propósitos.
BIBLIOGRAFIA:
BERARDINO, Ângelo. Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs. Petrópolis: Ed. Vozes, 2002
Extraído do site: ecclesia.com.br
Vida dos Santos
São João Escala
Data de celebração: 30/03/2025
Tipo de festa: Fixa
Santo (a) do dia: São João Clímaco, eremita († c. 649), autor da «Escala de Virtudes»
Biografia:
São João Clímaco nasceu no ano 580. Clímaco foi um monge do Monte Sinai, e deve o seu cognome a um livro seu, Escada (Klímax – Clímaco). A Escada é um resumo da vida espiritual, concebida para os solitários e contemplativos. Para Clímaco, a oração é a mais alta expressão da vida solitária; ela se desenvolve pela eliminação das imagens e dos pensamentos. Daí a necessidade da ‘monologia’, isto é, a invocação curta, de uma só palavra, incansavelmente repetida, que paralisa a dispersão do espírito. Essa repetição deve assimilar-se com a respiração. João Clímaco faleceu por volta do ano 650.
O nome de São João Clímaco é uma alusão à palavra «klímax», que em grego significa escada. São João decidiu adotar este nome em virtude do livro escrito por ele mesmo, intitulado «A Escada para o Paraíso», com seus 30 degraus, uma obra que influenciou a conduta de vários religiosos, tanto no Ocidente quanto no Oriente. Nesta obra ele explica que existem 30 degraus a serem galgados para que possamos atingir a perfeição moral. Este livro foi um grande sucesso na época e chegou até mesmo a influenciar monges e outros religiosos cm sua conduta particular, tanto no Ocidente como no Oriente. A importância desta obra literária para a época pode ser notada na utilização do símbolo escada na arte bizantina.
São João Clímaco foi muito famoso como homem santo em toda a Palestina e Arábia. Viveu por volta do ano 650 e morreu no Monte Sinai. Conta-se que ele era palestino e na adolescência ingressou cm um mosteiro no Monte Sinai, onde passou a dedicar sua vida às orações e à meditação. Até os 35 anos viveu desta forma, mas quando seu mestre faleceu resolveu encerrar-se cm uma cela e viver à moda dos monges do deserto: jejuando, orando e estudando a Bíblia. Durante este novo período de sua vida São João Clímaco decidiu nunca mais comer carne, fosse ela vermelha ou branca. Também passou a sair de sua cela apenas para participar da Eucaristia, aos domingos.
Já com 70 anos foi eleito bispo do Monte Sinai, muito embora preferisse continuar com sua vida isolada. Nesta época construiu hospitais para a população mais pobre, ajudado pelo papa Gregório Magno. Os últimos quatro anos de sua vida foram dedicados a viver como ermitão. Neste período de total isolamento ele escreveu Escada para o Paraíso.
Fonte: Revista Santo do Dia,
ed. Casa Dois, S. Paulo, 2001.
PENSAMENTOS DE SÃO JOÃO CLÍMACO:
- «O verdadeiro monge: o olhar da alma, imóvel; o sentido corporal, inabalável… uma luz que não se apaga aos olhos do coração».
- «Aqueles cujo espírito aprendeu a orar, na verdade falam ao Senhor face a face, como os que falam ao ouvido do imperador; aqueles cuja boca ora, fazem lembrar os que se prostram diante do imperador, na presença de toda corte. Os que vivem no mundo, são os que dirigem sua súplica ao imperador, na balbúrdia de todo povo».
- «Que vossa oração ignore toda multiplicidade: uma única palavra bastou ao Publicano e ao filho pródigo para obter o perdão».
- «O grande herói da sublime e perfeita oração diz: ‘prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência…'(1Cor 14,19). As crianças pequenas não tem idéia disso: imperfeito como somos, com a qualidade também nos é necessária a quantidade. A segunda consegue para nós a primeira… »
- «A solidão do corpo é a ciência e a paz da conduta e dos sentidos; a solidão da alma, a ciência dos pensamentos e um espírito inviolável. O amigo da solidão é um espírito de sentinela, valente e inflexível, sem sono, à porta do coração, para derrubar e matar os que se aproximam».
- «O hesicasta é quem aspira a limitar o incorporal numa morada de carne. O gato aspira o ratinho; o espírito do hesicasta espreita o ratinho invisível».
- «O monge tem necessidade de grande vigilância e de um espírito isento de agitação. O cenobita tem freqüentemente o apoio de um irmão; o monge, o de um anjo».
- «Fechai a porta da cela a vosso corpo, a porta dos lábios às palavras, a porta interior aos sentido».
- «A obra da solidão (hesychia) é uma despreocupação total por todas as coisas, razoáveis ou não».
- «Basta um fio de cabelo para embaralhar a vista; basta uma simples preocupação para dissipar a solidão (hesychia), pois a solidão é despojamento dos pensamentos e renúncia às preocupações razoáveis».
- «Quem possui verdadeiramente a paz, não se preocupa mais com o próprio corpo».
- «Quem quer apresentar a Deus um espírito purificado, e se deixa perturbar pelas preocupações, assemelha-se a alguém que tivesse entravado fortemente as pernas e pretendesse correr».
- «É grande a utilidade da leitura para esclarecer e recolher o espírito».
- «Procurai vossas luzes sobre a ciência da santidade, mais nos trabalhos do que nos livros».
- «Quem se sente diante de Deus, do fundo do coração, será como uma coluna imóvel durante a oração».
- «O monge que vela é um pescador de pensamentos; sabe distingui-los sem dificuldade, na calma da noite, e apanhá-los».
- «Nada de rebuscamento nas palavras de vossa oração: quantas vezes os balbucios simples e monótonos das crianças fazem o pai ceder!»
- «Não vos entregueis a longos discursos, para que vosso espírito não se dissipe na procura das palavras. Uma única palavra do Publicano comoveu a misericórdia de Deus; uma única palavra cheia de fé salvou o Ladrão».
- «A prolixidade na oração freqüentemente enche o espírito de imagens e o dissipa, enquanto muitas vezes o efeito de uma única palavra (monologia) é recolhê-lo».
- «Senti-vos consolados e enternecidos por uma palavra da oração? Parai nessa palavra; isso quer dizer que o nosso anjo da guarda então ora conosco».
- «Nada de segurança demais, mesmo tento conseguido a pureza; mas, sim, uma grande humildade, e sentireis então maior confiança».
- «Quando vos tiverdes revestido da doçura da ausência de ira, não vos será mais muito custoso libertar vosso espírito do cativeiro».
- «Trabalhai para elevar o vosso pensamento, ou melhor, para recolhê-lo nas palavras de vossa oração; se a fraqueza da infância o faz cair, levantai-o».
- «O primeiro degrau da oração consiste em expulsar, por meio de um pensamento (ou uma palavra) simples e fixo (monologicamente), as sugestões, no momento mesmo em que se manifestam. O segundo, em conservar nosso pensamento unicamente no que dizemos e pensamos».
- «Ressuscitados do amor pelo mundo e pelos prazeres, afastai as preocupações, despojai-vos dos pensamentos, renunciai ao corpo, uma vez que a oração nada mais é que um exílio do mundo visível e invisível».
- «Não se aprende a ver; é um efeito da natureza. A beleza da oração também não se aprende através do ensinamento. Ela tem em si própria o seu mestre; Deus ‘que ensina ao homem o saber’ (Sl 94,10) dá a oração e abençoa os anos dos justos».
Hino do dia
Extraído do site: Ορθόδοξος Συναξαριστής (Livro Ortodoxo dos Santos)
Celebrações do dia
1. São João, o Escultor
2. Aghios Zacharias Metropolitan of Corinth
3. Profeta Joel
4. São João no poço
5. São João, o patriarca de Jerusalém
6. Evolução Sagrada
7. São Victor
8. São Sophronius Bispo de Irkutsk
Extraído do site: Ορθόδοξος Συναξαριστής (Livro Ortodoxo dos Santos)
2. Aghios Zacharias Metropolitan of Corinth
3. Profeta Joel
4. São João no poço
5. São João, o patriarca de Jerusalém
6. Evolução Sagrada
7. São Victor
8. São Sophronius Bispo de Irkutsk
Extraído do site: Ορθόδοξος Συναξαριστής (Livro Ortodoxo dos Santos)
Leituras do dia
Jejum
Vinho
Permitido Vinho e azeite.
Abster-se de carne, peixe, laticínios e ovos
Extraído do site: Ορθόδοξος Συναξαριστής (Livro Ortodoxo dos Santos)
Vinho
Permitido Vinho e azeite.
Abster-se de carne, peixe, laticínios e ovos
Extraído do site: Ορθόδοξος Συναξαριστής (Livro Ortodoxo dos Santos)
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