3º
Domingo da Quaresma:
«Veneração da Santa Cruz»
(4º antes da Páscoa - Modo 3)
Memória
de São Nicetas, o Confessor, monge († 824).
Liturgia de São Basílio, o Grande.
Matinas
Tropário – Modo 3 -
(3º tom):
Exultem os seres celestes e alegrem-se os terrestres, pois o
Senhor demonstrou o poder de Seu braço, pisou a morte com a morte, tornando-Se
o primogênito dos que morreram, nos livrou do seio do inferno e deu ao mundo a
grande misericórdia.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo,
Exultem os seres celestes e alegrem-se os terrestres, pois o
Senhor demonstrou o poder de Seu braço, pisou a morte com a morte, tornando-Se
o primogênito dos que morreram, nos livrou do seio do inferno e deu ao mundo a
grande misericórdia.
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Theotokion:
Nós Te cantamos, virgem Mãe de Deus, pois permitiste a salvação de
nosso povo. O Senhor, nosso Deus, Teu filho segundo a carne que recebeu de Ti,
sofreu a paixão sobre a cruz e nos libertou da corrupção, por que ele é amigo
do homem.
Katisma – Modo 3 -
(3º tom):
1ª Katisma:
Cristo
ressuscitou dentre os mortos, como primícias dos que dormem, primogênito da a
criação e criador de tudo; ele mesmo renovou a natureza do nosso gênero
corrupto. Oh morte, jamais voltarás a dominar, porque o Senhor de todos
exterminou e dissolveu seu poder.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Senhor, tu provaste a morte com o corpo,
porém com tua ressurreição a aniquilaste, concedeste a vitória ao homem e deste
o triunfo sobre a maldição. Oh apoio e defensor de nossa vida, glória a Ti.
Agora, sempre e pelos séculos dos
séculos. Amém.
Theotokion:
Quando Gabriel se maravilhou de tua fulgurante virgindade e do
brilho da tua pureza te saudou dizendo: Oh Mãe de Deus!, Que louvores devidos
te oferecerei e como te chamarei? Estou surpreendido e atônito; mas como me foi
ordenado exclamo: Alegra-te oh cheia de graça.
2ª Katisma:
Senhor, quando o Hades contemplou Tua Divindade imutável e Tua
paixão voluntaria, se estremeceu em seu seio e chorou clamando: Temos a este
Corpo incorruptível; o Invisível me combate misteriosamente, e aquele eu estão
debaixo de meu poder proclamam: Glória Tua Ressurreição, oh Cristo!
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espirito Santo.
Nós os fieis falamos Teologicamente sofre o mistério de Tua
Crucificação e inefável Ressurreição; porque tanto a morte como o Hades, hoje
foram derrotados e o gênero humano se revestiu de incorrupção; por isso,
agradecemos, exclamamos: Glória a Tua Ressurreição, oh Cristo!
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Theotokion:
Oh Mãe de Deus, em tuas entranhas, coube misteriosamente o
Incontível, o Consubstancial com o Pai e o Espirito Santo. E com teu parto
temos aprendido no mundo a louvar a obra inconfundível da Santa Trindade, por
isso, agradecidos, exclamamos: Alegra-te oh cheia de graça!
Ypakoí – Modo 3 - (3º tom):
Obediência:
O belo anjo com doces palavras disse as Mirróforas: “Por quê
buscais o vivo no sepulcro? Ele ressuscitou e esvaziou os sepulcros! O imutável
mudou a morte. Dizei ao Senhor: Quão maravilhosas são tuas obras porque
salvaste a humanidade!”
Anabtmo:
1ª Antífona:
Oh Verbo, Tu salvastes a Sion do exilio na Babilônia; assim
livra-nos dos sofrimentos da vida.
Os que semeiam com lágrimas divinas, colherão com alegria as
espigas da vida eterna.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito
Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Do Espirito Santo desce todo o bem porque ilumina com o Pai e o Filho
toda a criação.
2ª Antífona:
Se o Senhor não construísse a casa da virtude, em vão nos
casaríamos. Se Ele protege nossas almas, nada poderá dominar nossa cidade.
Os Santos são a recompensa do fruto do ventre e, no Espírito,
continuam sendo filhos para Ti, oh Cristo, e Tu para eles, Pai.
Glória ao Pai, ao
Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Pelo Espírito Santo se tem visto toda Santidade e sabedoria,
porque ele é o criador de tudo por isso o adoramos, porque é Deus como o Pai e
o Verbo.
3ª Antífona:
Os que temem a Deus são bem aventurados, porque seguem os caminhos
de seus mandamentos e comem o fruto da vida eterna.
Alegra-te, oh chefe dos pastores, quando vires os filhos de teus
filhos ao redor de tua mesa oferecendo-te boas obras.
Glória ao Pai, ao
Filho e ao Espírito Santo, agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.
Toda riqueza de honra é do Espírito Santo. Dele é a graça e a vida
para toda a criação, por isso se louva juntamente com o Pai e o Verbo.
Prokimenon:
Dizei aos povos: “O Senhor é o rei” Ele fixou o universo
inamovível. (2 vezes).
Stichos:
Cantai ao Senhor um cântico novo
Dizei aos povos: “O Senhor é o rei” Ele fixou o universo
inamovível.
Kondakion – Modo 3 - (3º tom):
Ó
Deus de misericórdia, ergueste-Te hoje do túmulo e nos livraste das portas da
morte. Neste dia Adão se alegra, Eva se rejubila; os Patriarcas e os Profetas
não cessam de cantar o divino poder da Tua grandeza.
Ikós:
Neste dia, as profundezas do abismo do inferno tremeram diante da
unidade da Trindade. A Terra estremeceu; os guardas das portas infernais
permaneceram terrificados ao vê-Lo. E toda a criação se rejubilou cantando com
os Profetas um cântico de vitória a Ti, nosso Deus libertador, que destruístes
as forças da morte. Possamos clamar de alegria e bradar a Adão e seus filhos: O
madeiro da cruz te fez entrar no paraíso, saí fiéis à frente da ressurreição.
Evangelho: Jo 21,15-25
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o Evangelista São João:
Naquele tempo, depois de terem comido, Jesus
perguntou a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que
estes? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os
meus cordeirinhos. Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me?
Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas
ovelhas. Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me?
Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas-me? E
respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe
Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo que, quando
eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando
fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá, e te levará para onde tu
não queres. Ora, isto ele disse, significando com que morte havia Pedro de
glorificar a Deus. E, havendo dito isto, ordenou-lhe: Segue-me. E Pedro,
virando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, o mesmo que
na ceia se recostara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o que
te trai? Ora, vendo Pedro a este, perguntou a Jesus: Senhor, e deste que será?
Respondeu-lhe Jesus: Se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com
isso? Segue-me tu. Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele
discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não disse que não morreria, mas:
se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? Este é o
discípulo que dá testemunho destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu
testemunho é verdadeiro. E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as
quais, se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro
caberiam os livros que se escrevessem.
Exapostilário – 11º:
Após
a ressurreição o Senhor perguntou a Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais
que estas”? Ao responder afirmativamente disse-lhe Jesus: “Apascenta as minhas
ovelha”. Voltando-se Pedro viu que o seguia aqueles discípulos que Jesus amava;
e Pedro perguntou a Jesus: “Senhor e este”? “Respondeu-lhe o mestre, Que te
importa se eu quero que ele fique até que eu venha? Segue-me tu”.
Theotokion – 11º:
Ó
mistério maravilhoso! A morte desapareceu total pela força do teu reino, quem é
que não Te louva? Quem se ajoelha diante de Tua ressurreição? Ó verbo; idênticos
louvores merece a Tua Mãe, pois por ela foste nascido na maior pureza.
Laudes
- Modo 3 - (3º tom):
1 – Esta glória será para todos os Justos.
Vinde de todos os povos e conhecei a força do terrível mistério,
porque Cristo nosso Salvador, o Verbo eterno, foi crucificado por nós e
sepultado por sua vontade, ressuscitou dentre os mortos salvando a todos;
prosternemo-nos diante d Ele.
2 – Louvai a Deus em seu santuário, louvai na magnificência de seu
firmamento!
Oh Senhor, os guardas publicaram e anunciaram todos os teus milagres,
porém o sinédrio da maldade encheu suas mãos com o suborno crendo que assim
esconderiam Tua ressurreição, a que todo mundo louva. Tem piedade de nós.
3 – Louvai por suas proezas, louvai conforme Sua imensa grandeza!
Toda a criação se encheu de alegria quando recebeu o anúncio de
Tua ressurreição. Maria Madalena chegou a Teu sepulcro e encontrou o anjo
sentado sobre a pedra com vestes luminosas, dizendo: “Porque buscai o vivo
entre os mortos? Ele não está aqui, porém ressuscitou como havia predito e as precederá
na Galileia”.
4 – Louvai ao som da trombeta, louvai com saltério e a harpa!
Oh Senhor, amante da humanidade, com Tua luz vemos a luz. E porque
ressuscitaste dentre os mortos dando a salvação ao gênero humano, te louva toda
criação, oh único isento de pecado.
5 – Louvai com pandeiro e a dança; louvai com cordas e flautas!
Senhor, as Mirróforas te ofereceram as lágrimas como louvores
matutinos, levando à Teu sepulcro mirra de bom aroma e correndo para ungir Teu
corpo limpo do mal. E o anjo, sentado sobre a pedra, lhes anunciou dizendo:
“Porque buscais o vivo entre os mortos? Pisoteou a morte e ressuscitou como
Deus, outorgando à todos a grande misericórdia”.
6 – Louvai com címbalos retumbantes; louvai com címbalos de
júbilo. Tudo que respira louve ao Senhor!
O Anjo resplandecente sobre Teu sepulcro Doador da Vida, disse às
Mirróforas; “O Salvador esvaziou os sepulcros e acabou com o Hades,
ressuscitando ao terceiro dia porque é o único Deus Todo-poderoso”.
7 – Levanta-Te, Senhor meu e Deus meu, que tua mão se levante e
não te esqueças para sempre de Teus pobres.
Maria Madalena, no primeiro dia da semana foi buscar-Te no
sepulcro e, não O encontraste chorou com suspiros dizendo: Pobre de mim,
Salvador meu, como foste roubado, oh Rei de todos? Dois dos Anjos, cheios de
vida lhes disseram dentro do sepulcro: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu:
“Choro porque levaram o meu Senhor do sepulcro e não sei onde o puseram.” E ao
voltar seu resto Te viu e exclamou: Senhor meu e Deus meu, glória a Ti.
8 – Te confesso, Senhor, como todo meu coração e proclamo todos
teus milagres.
Os Hebreus selaram o sepulcro sobre a Vida, mas o ladrão abriu o
paraíso com sua língua quando clamou dizendo: Oh Tu que foste crucificado por
mim e comigo, colocado sobre o Madeiro da Vida e te manifestaste sentado sobre
o Trono junto com o Pai, Tu que és, oh Cristo e Deus nosso o dono da grande
misericórdia.
Eothinon – 11º:
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Ó
Salvador quando apareceste ao teu sepulcro, após a ressurreição, concedeste a
Simão a missão de pastorear as Tuas ovelhas, renovando a virtude de caridade,
dizendo-lhe: “Pedro se Tu és meu amigo, apascenta pois meus cordeiros e
ovelhas”, e ele viu também o seguia outro discipulo, mostrando seu excessivo
amor. Pela Tua ressurreição, Ó Cristo, guarda Teu rebanho dos corruptos.
Theotokion:
Agora, sempre e pelos séculos dos
séculos. Amém.
Bendita e venerável és Tu, ó Mãe de Deus, em cujo seio se encarnou
Aquele que visitou o inferno, libertando Adão e Eva da maldição, destruindo a
morte e dando a vida a todos nós.
Por isso bendirei o Cristo em qualquer tempo, e sempre o Seu
louvor estará em minha boca (2 vezes).
Tropário:
Hoje é a salvação do mundo. Louvemos Aquele que ressuscitou do
túmulo, dando-nos origem a uma nova vida, porque anulou a morte com a Sua morte
e nos concedeu a misericórdia de obter essa grande vitória.
Divina Liturgia
Tropário da Ressurreição – Modo 3 -
(3º tom):
Exultem os seres celestes e alegrem-se os terrestres, pois o
Senhor demonstrou o poder de Seu braço, pisou a morte com a morte, tornando-Se
o primogênito dos que morreram, nos livrou do seio do inferno e deu ao mundo a
grande misericórdia.
Tropário Próprio –
Modo 4:
Salva, Senhor, o teu povo e abençoa a tua herança! Concede
à tua Igreja a vitória sobre o mal e guarda o teu povo pela tua Cruz.
Tropário de São Pedro e São Paulo:
Príncipes dos apóstolos e doutores do Universo, São Pedro e São
Paulo, rogai ao Mestre de todas as coisas que dê a paz ao mundo e às nossas
almas a sua grande misericórdia.
Kondakion – Modo 3 -
(3º tom):
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Hoje te levantaste da tumba, ó Compassivo, e nos conduziste para
fora das portas da morte, Hoje Adão dança e Eva se regozija e com eles os
Profetas e os Patriarcas louvam sem cessar o divino poder de tua autoridade.
Theotokion – Modo 3 -
(3º tom):
Agora, sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Tu, que te preocupavas com a salvação do gênero humano a ti
cantamos, Virgem Mãe de Deus! Teu Filho e nosso Deus, com o puríssimo corpo
recebido de ti, padecendo os sofrimentos da cruz livrou-nos da iniquidade, Ele,
o amigo dos seres humanos.
Kondakion
Próprio:
Doravante, a espada de fogo não guardará mais a porta do
Éden, porque o madeiro da
Cruz apagou-a de modo maravilhoso; a morte foi vencida e a vitória dos infernos
anulada. E Tu, ó meu
Salvador, te dirigiste aos que nele estavam, dizendo: "entrai de novo no
paraíso!"
Kondakion Final:
Nós, teus servos, ó Mãe de Deus, te conferimos os lauréis da
vitória, penhor de nossa
gratidão,
como a um general que combateu por nós e nos salvou de terríveis
calamidades. E, como tens
um poder invencível, livra-nos
dos perigos de toda espécie para
que te aclamemos: salve, Virgem e Esposa!
Kondakion de São Pedro e São Paulo:
Levaste, Senhor, para descansar e gozar de teus bens, os dois
infalíveis pregadores de fala divina, os príncipes dos apóstolos; pois
preferiste suas provações e morte a qualquer sacrifício, Tu, o único conhecedor
dos segredos dos corações.
Trisagion:
Adoremos,
a Tua Cruz, ó Mestre, e glorificamos a Tua santa Ressurreição. (3 vezes)
Glória
ao Pai, ao Filho e ao Espirito Santos, agora, sempre e pelos séculos dos
séculos. Amém.
E
glorificamos a Tua santa Ressurreição.
Adoremos,
a Tua Cruz, ó Mestre, e glorificamos a Tua santa Ressurreição.
Prokimenon:
Cantai salmos ao nosso Deus, cantai; cantai salmos ao nosso Rei,
cantai!
Nações, aplaudi todas com as mãos, clamai a Deus com vozes
alegres.
Epístola: Hb 4,14-5,6
Leitura da Epístola do Apostolo São Paulo aos Hebreus:
Irmãos, nós temos um sumo sacerdote eminente,
que atravessou os céus: Jesus, o Filho de Deus. Por isso, mantenhamos firme a
fé que professamos. De fato, não temos um sumo sacerdote incapaz de se
compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado como nós, em todas
as coisas, menos no pecado. Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com
plena confiança, a fim de alcançarmos misericórdia, encontrarmos graça e sermos
ajudados no momento oportuno. Todo sumo sacerdote, escolhido entre os homens, é
constituído para o bem dos homens nas coisas que se referem a Deus. Sua função
é oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Desse modo, ele é capaz de sentir
justa compaixão por aqueles que ignoram e erram, porque também ele próprio está
cercado de fraqueza; e, por causa disso, ele deve oferecer sacrifícios, tanto
pelos próprios pecados como pelos pecados do povo. Ninguém pode atribuir a si
mesmo essa honra, se não for chamado por Deus, como o foi Aarão. Da mesma
forma, Cristo não atribuiu a si mesmo a glória de ser sumo sacerdote; esta lhe
foi conferida por aquele que lhe disse: «Você é o meu Filho, eu hoje o gerei.»
E, noutra passagem da Escritura, ele diz: «Você é sacerdote para sempre,
segundo a ordem do sacerdócio de Melquisedec.»
Aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Junto de Ti, Senhor, me refugiei; não seja eu confundido para
sempre. Por tua justiça, livra-me.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Sê para mim um Deus protetor e uma casa de refúgio para me salvar.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Evangelho: Mc 2, 1-12
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo,
segundo o Evangelista São Marcos:
Naquele tempo, Jesus chamou a multidão e os
discípulos. E disse: «Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua
cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem
perde a sua vida por causa de mim e da Boa Notícia, vai salvá-la. Com efeito,
que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? Que é que
um homem poderia dar em troca da própria vida? Se alguém se envergonhar de mim
e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho
do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai com seus santos
anjos». E Jesus dizia: «Eu garanto a vocês: alguns dos que estão aqui, não
morrerão sem ter visto o Reino de Deus chegar com poder.»
Hirmos:
Ó
cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação. A assembleia dos anjos e
o gênero humano te glorificam, ó templo santificado, paraíso espiritual e
glória das virgens, na qual Deus se encarnou e da qual tornou-se
Filho Aquele que é nosso Deus antes dos séculos. Porque fez de teu
seio um trono e as tuas entranhas, mais vastas do que os céus.
Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação e te glorifica!
Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação e te glorifica!
Sinaxe
Pe. Paulo A. Tamanini
No calendário Litúrgico Bizantino há duas datas nas
quais veneramos a Santa Cruz, tamanha é a relevância e o simbolismo deste
instrumento de morte que se transformou em instrumento de vida e salvação para
os cristãos: 14 de setembro (festa principal) e no Terceiro Domingo da
Quaresma.
A Santa Cruz transformou-se, no decorrer dos
acontecimentos da vida da Igreja, no arquétipo da ação salvífica de Deus e no
modelo de resposta do homem. Deus salva os homens pela Cruz, através de seu
Filho que, obediente à vontade do Pai, a abraçou restaurando aos homens a
dignidade filial perdida.
Os primeiros cristãos, conforme relata São Paulo em
suas cartas, começavam a descobrir as riquezas do mistério da morte de Jesus na
cruz, quando à luz da Ressurreição a vislumbravam como meio de salvação e não
como instrumento de perdição. Já que o Senhor havia morrido numa cruz, em
obediência à vontade do Pai, ela foi acolhida como sinal de humildade e
sujeição aos desígnios de Deus. A resposta do homem ante a vontade divina
passou a ser dada de maneira consistente: a fé no Ressuscitado movia os
corações a uma plena compreensão do plano salvífico.
São Paulo não se limitou apenas a ensinar sobre o
poder que tem a Cruz de libertar os homens do pecado, do egoísmo e da morte.
Ele foi além dessas verdades estendendo o seu significado. Deu à Cruz a
dimensão de Redenção, vendo nela o meio necessário para que fosse selada a Nova
Aliança entre Deus e os homens.
Todo cristão, por participar do amor e da obediência
de Cristo na Cruz, morre para o pecado que o impede de amar a Deus e aos homens
de forma plena e livre. Santo Inácio de Antioquia ( + 117) e São Policarpo (+
165) lembravam os sofrimentos de Cristo constantemente em suas pregações, para
enfatizar a todos os cristãos que no escândalo da Cruz se ocultava o profundo
amor de Deus pelos homens. Na cruz trilhava-se o caminho para se chegar à
Ressurreição. Por isso, os cristãos do Oriente veneram a Cruz como símbolo da
vitória sobre a morte.
Todo sofrimento, angústia, desespero e morte tornam-se
secundários diante da magnitude da Ressurreição. O cristão ortodoxo contempla a
Cruz resplandecente, mergulhado no espírito pascal: o Senhor não terminou sua
missão na Cruz, mas fez dela um instrumento de passagem para se chegar à Vida.
A Cruz para um cristão que esteja imbuído deste
espírito torna-se fonte de bênçãos. A loucura da Cruz de Cristo ganha a
dimensão do amor infinito e totalmente oblativo. Hoje em dia são muitos os que
tem dificuldade em compreender a teologia da Cruz. Parecem fugir dela por medo
de sofrer. O sofrimento e a dor fazem parte da humanidade. Sofremos ao nascer, sofremos
durante a vida e a morte virá com muito ou pouco sofrimento, mas virá com ele.
Não podemos mudar esta realidade que nos é inerente por natureza. Como cristãos
podemos mudar a compreensão que damos ao sofrimento.
A Cruz, antes vista como horror e escândalo, passou a
ser compreendida como instrumento de salvação. Para que cheguemos a este
amadurecimento espiritual é necessário o encontro com o Senhor Crucificado que
padeceu os horrores da dor, para que Ele mesmo nos conduza às alegrias da
Ressurreição.
Venerar a Cruz é venerar a história humana. Contemplar
a Cruz é contemplar os seres humanos nos mais diversos continentes do mundo.
Venerar a Cruz gloriosa e vivificante é restabelecer à história humana sua
grandeza na História da Salvação. A Cruz sem Deus revela o abandono e a morte.
A Cruz com Deus é sinal de esperança e vida nova.
Neste
terceiro Domingo da Quaresma a Igreja nos convida a refletir sobre a dimensão
que damos à Cruz e ao sofrimento em nossas vidas. Nossa postura frente à Cruz e
ao sofrimento humano deve assemelhar-se à postura de Maria e a de João, o
discípulo do amor. Estavam em pé diante do Crucificado, contemplando Aquele que
era a Ressurreição e a Vida. Mesmo sem entender o que estava acontecendo
conservavam tudo isso no coração. Não procuravam uma explicação racional e uma
lógica que os fizessem compreender o sofrimento de Jesus. A lógica que os fazia
silenciar e aceitar os desígnios de Deus era a obediência e a entrega à vontade
do Pai.
Quando racionalmente procuramos explicações para o
sofrimento e a cruz, fatalmente cairemos em subjetivismos perigosos que nos
poderão levar a erros e a desvios da fé apostólica. O homem por si só não pode
explicar os mistérios de Deus. A lógica divina não obedece os parâmetros
racionais humanos. A Cruz para a Igreja é sinal e instrumento de Salvação. Por
isso, os cristãos de tradição bizantina a veneram gloriosa e vivificante,
despida dos sentimentos mórbidos que poderiam ofuscar a sua magnitude. O
sofrimento, as dores e a morte que o Senhor sofreu por meio dela, por mais
terríveis que pudessem ser, fez dela veículo da nossa salvação.
Em recente entrevista à Revista 30 Dias, assim se
expressou Sua Santidade o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, referindo-se a
relação existente entre a Igreja e a Cruz:
«A Igreja
deve apoiar a sua força na sua fraqueza humana, na loucura da Cruz (escândalo
para os Judeus, loucura para os Gregos), e a sua esperança na ressurreição de
Cristo. Privada de todo poder mundano, perseguida e entregue cotidianamente à
morte, a Igreja faz com que surjam santos, que guardam a Graça de Deus em vasos
de argila, que vivem dentro da luz da Transfiguração e são conduzidos por Deus
ao martírio e ao sacrifício.»
Um cristão, à Luz da Ressurreição, carrega sua cruz
subindo o Calvário para a Santidade. O madeiro que sustentou o corpo do Senhor
Crucificado tornou-se Árvore da Vida, pois nele foi selado o Novo Testamento, a
Nova Aliança. Deus pôs no santo Lenho da Cruz a salvação da humanidade, para
que a vida ressurgisse de onde viera a morte.
Durante o Rito de veneração à Santa e Vivificante
Cruz, entoa-se um canto que nos convida a contemplar o madeiro sagrado que nos
deu a vitória sobre o mal:
«Vinde,
fiéis! Adoremos o Madeiro que dá a vida, no qual Cristo, o Rei da Glória, estendeu
voluntariamente, seus braços, restaurando em nós a felicidade primitiva. Vinde,
adoremos a Cruz que nos dá a vitória sobre o mal.»
Mais forte é o significado da segunda parte deste
mesmo hino que nos faz compreender a dimensão e a grandeza da Cruz de Cristo:
«Hoje, a
Cruz é exaltada e o mundo se liberta do erro. Hoje, renova-se a
Ressurreição de Cristo, regozijam-se os confins da terra..."
Na Cruz renova-se a Ressurreição. Pela Cruz a Vida nos
é possível. Pela Cruz a Santidade é uma realidade presente. Basta o encontro
com o Senhor e nossa entrega total a Vontade de Deus.
O silêncio e a meditação nos auxiliarão, nesta
Quaresma, a ver na Cruz e no sofrimento riquezas espirituais nunca antes
vislumbradas por nós, mas já vividas pelos santos. Meditando sobre a Cruz à luz
da Ressurreição, "adoramos a tua Cruz, ó Mestre e glorificamos a tua Santa
ressurreição."
BIBLIOGRAFIA:
DE FIORES, Stefano. Dicionário
de Espiritualidade, São Paulo: Ed. Paulinas, 1989,
Extraído do site ecclesia.com.br
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