Sábado das Almas
As «últimas coisas»
Para os cristãos, existem apenas
duas realidades definitivas: o Céu e o Inferno. A Igreja aguarda a consumação
dos tempos, que na teologia oriental é chamada de apocatástase ou
“restauração”, quando Cristo retornará em glória para julgar os vivos e os
mortos. Essa apocatástase final envolve a redenção e a glorificação
da matéria: no último dia, os justos ressuscitarão dos túmulos e serão
revestidos de um corpo glorioso — não um corpo como o que possuímos agora, mas
um corpo transfigurado e espiritual, no qual a santidade interior se
manifestará exteriormente. Não apenas os corpos humanos, mas toda a criação
material será transformada, pois Deus criará um Novo Céu e uma Nova Terra.
No entanto, assim como o Céu é
uma realidade, o Inferno também o é. Nos últimos anos, muitos cristãos, tanto
no Ocidente quanto, gradualmente, na Igreja Ortodoxa, têm questionado a ideia
do Inferno, considerando-a incompatível com a crença em um Deus amoroso.
Contudo, esse raciocínio introduz uma perigosa confusão teológica. É verdade
que Deus nos ama com um amor infinito, mas também é verdade que Ele nos
concedeu o livre-arbítrio. E, uma vez que temos liberdade para escolher, é
possível rejeitarmos a Deus. O Inferno, portanto, não é uma imposição divina,
mas a consequência da rejeição voluntária de Deus. Negar a existência do
Inferno equivale a negar o livre-arbítrio. Como escreveu Marcos, o Monge ou
Eremita (século V): “Ninguém é tão bom e cheio de piedade como Deus; mas nem
Ele perdoa aqueles que não se arrependem” (Sobre aqueles que pensam ser
justificados pelas obras, 71, PG. 65, 9400).
Deus não força ninguém a amá-Lo,
pois o amor só é verdadeiro quando é livre. Como, então, poderia Deus
reconciliar consigo aqueles que recusam toda reconciliação?
A visão ortodoxa sobre o Juízo
Final e o Inferno é claramente expressa nas leituras do Evangelho proclamadas
nos três domingos que antecedem a Grande Quaresma. No primeiro domingo, ouvimos
a parábola do Publicano e do Fariseu; no segundo, a parábola do Filho Pródigo —
narrativas que ilustram a infinita misericórdia e o perdão de Deus para com
todos os pecadores arrependidos. No entanto, no terceiro domingo, a parábola
das ovelhas e dos bodes nos recorda uma verdade crucial: é possível rejeitar a
Deus e afastar-se d’Ele para sempre. “Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo
eterno, preparado para o diabo e seus anjos”. (Mt 25:41).
No entanto, assim como o Céu é
uma realidade, o Inferno também o é. Nos últimos anos, muitos cristãos, tanto
no Ocidente quanto, gradualmente, na Igreja Ortodoxa, têm questionado a ideia
do Inferno, considerando-a incompatível com a crença em um Deus amoroso.
Contudo, esse raciocínio introduz uma perigosa confusão teológica. É verdade
que Deus nos ama com um amor infinito, mas também é verdade que Ele nos
concedeu o livre-arbítrio. E, uma vez que temos liberdade para escolher, é
possível rejeitarmos a Deus. O Inferno, portanto, não é uma imposição divina,
mas a consequência da rejeição voluntária de Deus. Negar a existência do
Inferno equivale a negar o livre-arbítrio. Como escreveu Marcos, o Monge ou
Eremita (século V): *“Ninguém é tão bom e cheio de piedade como Deus; mas nem
Ele perdoa aqueles que não se arrependem”* (Sobre aqueles que pensam ser
justificados pelas obras, 71, PG. 65, 9400). Deus não força ninguém a amá-Lo,
pois o amor só é verdadeiro quando é livre. Como, então, poderia Deus
reconciliar consigo aqueles que recusam toda reconciliação?
A visão ortodoxa sobre o Juízo
Final e o Inferno é claramente expressa nas leituras do Evangelho proclamadas
nos três domingos que antecedem a Grande Quaresma. No primeiro domingo, ouvimos
a parábola do Publicano e do Fariseu; no segundo, a parábola do Filho Pródigo —
narrativas que ilustram a infinita misericórdia e o perdão de Deus para com
todos os pecadores arrependidos. No entanto, no terceiro domingo, a parábola
das ovelhas e dos bodes nos recorda uma verdade crucial: é possível rejeitar a
Deus e afastar-se d’Ele para sempre. “Apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo
eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25:41).
O Inferno existe como uma
possibilidade real, mas muitos Padres da Igreja acreditavam que, no fim, tudo
será reconciliado com Deus. É herético afirmar que todos devem ser salvos, pois
isso negaria o livre-arbítrio; mas é legítimo esperar que todos possam ser
salvos. Até o último dia, não devemos desesperar da salvação de ninguém, mas
orar e interceder pela reconciliação de todos, sem exceção. Como perguntou São
Isaac, o Sírio: “O que é um coração misericordioso? É um coração que arde de
amor por toda a criação: pelos homens, pelos pássaros, pelas bestas, pelos
demônios, por todas as criaturas” (Tratados Místicos, ed. A. J. Wensinck,
Amsterdã, 1823, p. 341). Gregório de Nissa chegou a expressar a esperança de
que até mesmo o Diabo pudesse ser salvo.
As Escrituras concluem com uma
nota de expectativa ardente: “Certamente venho sem demora. Amém. Vem, Senhor
Jesus!” (Ap 22:20). No mesmo espírito de esperança, os primeiros cristãos
oravam: “Que venha a graça e que este mundo passe” (Didaquê, 10,6). De certo
modo, os primeiros cristãos estavam equivocados: esperavam que o fim do mundo
ocorresse imediatamente, enquanto já se passaram dois milênios e a consumação
ainda não aconteceu. Não nos cabe conhecer os tempos e as estações, e talvez a
ordem atual perdure por muitos milênios. No entanto, em outro sentido, a Igreja
primitiva estava certa: o fim está sempre iminente, espiritualmente próximo,
ainda que cronologicamente distante. O dia do Senhor virá “como o ladrão de
noite” (1Ts 5:2), em um momento inesperado. Por isso, os cristãos, hoje como no
passado, devem viver em constante vigilância e expectativa.
Um dos sinais mais encorajadores
do renascimento espiritual na Ortodoxia contemporânea é a renovada consciência
da Segunda Vinda e sua relevância. Como relatou um padre russo: “O problema
mais urgente da Igreja Russa hoje é a Parusia” (P. Evdokimov, L’Orthodoxie, p.
9).
No entanto, a Segunda Vinda não é
apenas um evento futuro. Na vida da Igreja, o tempo por vir já irrompeu no
presente. Para os membros da Igreja, os “últimos tempos” já começaram, pois
aqui e agora os cristãos experimentam os primeiros frutos do Reino de Deus.
“Vem, Senhor Jesus!” Ele já veio — na Sagrada Liturgia e na vida de louvor da
Igreja.
Referências Bibliográficas:
DONADEO, Madre Maria: O Ano
Litúrgico Bizantino. São Paulo: Editora Ave Maria, 1990.
WARE, Kallistos: «A Igreja
Ortodoxa», tradução de Pe. Pedro Oliveira
Vida dos Santos
Data de celebração: 22/02/2025
Tipo de festa: Fixa
Santo (a) do dia: Santo Atanásio de Pavlopetros
Biografia:
Hino do dia
Extraído do site:Ορθόδοξος Συναξαριστής (Livro Ortodoxo dos Santos)
Celebrações do dia
1. Sábado e domingo
2. Encontrada a memória das Testemunhas de Eugene
3. Santo Atanásio, o Confessor do Mosteiro Pavlopetri
4. Santa Anthousa e seus doze servos
5. Saint Consul
6. Mar e lago de Saint
7. Saint Varadatos
8. São Bispo de Roma
9. São Vlasios, o Bispo
10. São Ariston o milagroso bispo de Arsinoe em Chipre
11. Nove Testemunhas de Cola na Geórgia
12. São Teocista de Voronezh, o Neo-mártir
Leituras do dia
Epístola - 1 Tessalonicenses 4, 13-17
Jejum
Livre
Permitido todos os alimentos
Extraído do site: Ορθόδοξος Συναξαριστής (Livro Ortodoxo dos Santos)
Permitido todos os alimentos
Extraído do site: Ορθόδοξος Συναξαριστής (Livro Ortodoxo dos Santos)
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