«O Ilustre entre os mártires, Glorioso
e Vitorioso São Jorge» († 303)»
Divina Liturgia
Tropário de São Jorge:
Para
os cativos foste libertador e aliviador, para os pobres e miseráveis, protetor
e auxiliador, para os doentes, médico e curador, e dos reis, combatente e
defensor. Ó grande entre os mártires, ó vitorioso São Jorge, intercede a Cristo
Deus para a salvação de nossas almas.
Tropário:
Pela
fé, combateste o bom combate, ó lutador pela causa de Cristo, e por
ela desprezaste a impiedade dos perseguidores. Oferecido a Deus como oblação
agradável, ganhaste a coroa da vitória. Por tuas orações, ó São
Jorge, alcancemos todos o perdão das nossas culpas.
Tropário de São Pedro e São Paulo:
Príncipes dos apóstolos e doutores do Universo, São Pedro e São
Paulo, rogai ao Mestre de todas as coisas que dê a paz ao mundo e às nossas
almas a sua grande misericórdia.
Kondakion:
Cultivado
por Deus te tornaste um excelente cultor da piedade e colheste para ti as
espigas das virtudes; semeando com lágrimas, colheste com alegria; e
lutando até o sangue, ganhaste Cristo. Por tuas orações, ó São Jorge, que
possamos alcançar o perdão de nossas culpas.
Kondakion de São Pedro e São Paulo:
Levaste, Senhor, para descansar e gozar de teus bens, os dois
infalíveis pregadores de fala divina, os príncipes dos apóstolos; pois
preferiste suas provações e morte a qualquer sacrifício, Tu, o único conhecedor
dos segredos dos corações.
Prokimenon:
Alegra-se o justo no Senhor e n'Ele confia.
Ouve, ó Deus, a minha voz quando te rogo!
Ouve, ó Deus, a minha voz quando te rogo!
Epístola: At 12, 1-11
Leitura do Ato dos Apóstolos:
Naqueles dias, o rei Herodes mandou prender
alguns membros da Igreja para os maltratar. Assim foi que matou à espada Tiago,
irmão de João. Vendo que isto agradava aos judeus, mandou prender Pedro. Eram
então os dias dos pães sem fermento. Mandou prendê-lo e lançou-o no cárcere,
entregando-o à guarda de quatro grupos, de quatro soldados cada um, com a
intenção de apresentá-lo ao povo depois da Páscoa. Pedro estava assim encerrado
na prisão, mas a Igreja orava sem cessar por ele a Deus. Ora, quando Herodes
estava para o apresentar, naquela mesma noite dormia Pedro entre dois soldados,
ligado com duas cadeias. Os guardas, à porta, vigiavam o cárcere. De repente,
apresentou-se um anjo do Senhor, e uma luz brilhou no recinto. Tocando no lado
de Pedro, o anjo despertou-o: Levanta-te depressa, disse ele. Caíram-lhe as
cadeias das mãos. O anjo ordenou: Cinge-te e calça as tuas sandálias. Ele assim
o fez. O anjo acrescentou: Cobre-te com a tua capa e segue-me. Pedro saiu e
seguiu-o, sem saber se era real o que se fazia por meio do anjo. Julgava estar
sonhando. Passaram o primeiro e o segundo postos da guarda. Chegaram ao portão
de ferro, que dá para a cidade, o qual se lhes abriu por si mesmo. Saíram e
tomaram juntos uma rua. Em seguida, de súbito, o anjo desapareceu. Então Pedro
tornou a si e disse: Agora vejo que o Senhor mandou verdadeiramente o seu anjo
e me livrou da mão de Herodes e de tudo o que esperava o povo dos judeus.
Aleluia!:
Aleluia, aleluia, aleluia!
Como
a palmeira, florescerá o justo, elevar-se-á como o cedro do Líbano.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Plantado
na casa do senhor, florescerá nos átrios de nosso Deus.
Aleluia, aleluia, aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Evangelho: Jo 15, 17-16, 2
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o Evangelista São João:
Naquele tempo, disse Jesus: "o que vos
mando é que vos ameis uns aos outros. Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou
a mim antes que a vós. Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus.
Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos
odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: O servo não é maior do que o seu
senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardaram a minha
palavra, hão de guardar também a vossa. Mas vos farão tudo isso por causa do
meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou. Se eu não viesse e não lhes
tivesse falado, não teriam pecado; mas agora não há desculpa para o seu pecado.
Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai. Se eu não tivesse feito entre eles
obras, como nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora as viram e odiaram a
mim e a meu Pai. Mas foi para que se cumpra a palavra que está escrita na sua
lei: Odiaram-me sem motivo (Sl 34,19; 68,5). Quando vier o Paráclito, que vos
enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará
testemunho de mim. Também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o
princípio. Disse-vos essas coisas para vos preservar de alguma queda.
Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos tirar a
vida julgará prestar culto a Deus.
Kinonikon:
A
memória do justo será eterna!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Sinaxe
Pe. Paulo A. Tamanini
«O Ilustre entre os mártires,
o Glorioso e Vitorioso São Jorge»
No dia 23 de abril, a Igreja, no Oriente e no Ocidente
celebram o grande mártir, São Jorge. Porém, enquanto a última reforma litúrgica
para a Igreja latina viu retroceder a importância desse santo, para os fiéis
ortodoxos ele será sempre o "megalomártir, vitorioso e taumaturgo" em
honra do qual a festa não se celebra somente em 23 de abril, mas ainda no dia 3
de novembro, quando, por toda parte, se comemora a reconstrução da igreja
dedicada a ele, em Lydda (atualmente em Israel), onde foi deposto o seu corpo
glorioso. Há uma tradição que aponta o ano 303 como ano da sua morte. Como a
liberdade de culto para os cristãos se deu somente dez anos depois dessa data,
supõe-se que também a igreja em honra de São Jorge tenha sido construída por
vontade do imperador Constantino.
Em ambas as festas repete-se o mesmo tropário
conclusivo:
«Libertador
dos cativos e defensor dos pobres, médico dos enfermos, sustentáculo dos
reis, ó vitorioso e grande mártir Jorge, pede a Cristo Deus que salve
nossas almas».
A etimologia do nome, relacionado à terra e a quem a
cultiva, faz alusão em sentido espiritual o hino encontrado no Ofício dos dias
23 de abril e 3 de novembro:
«A tua vida
foi digna do teu nome, Jorge glorioso: tomada a Cruz de Cristo em teus
ombros, beneficiaste o terreno tornado estéril pelo embuste do demônio e,
tendo extirpado como arbusto espinhoso o culto dos ídolos, plantaste o cepo da
verdadeira fé. Por isso consegues a cura para os fiéis de toda a terra e
te mostras bom cultivador da Santa Trindade. intercede, te pedimos, pela
paz do mundo e pela salvação das nossas almas».
Apesar das escassas notícias biográficas, nem sempre
concordantes, os elogios tecidos pelas duas orações apresentadas delineiam uma
figura excepcional do santo. Nascido na Capadócia de pais cristãos, foi
predestinado para empreendimentos nobres. Um velho manual russo assim diz de
São Jorge: Tendo ingressado para o serviço militar, "distinguiu-se pela
inteligência, coragem, capacidade organizativa, força física, porte
nobre." Mas é sobretudo na Passio Georgii (tida por muitos como apócrifa)
que encontramos descritos os detalhes dos inúmeros suplícios aos quais o valoroso
militar cristão foi submetido ao confessar a sua fé até o fim, até sua
degolação. No Oriente, enquanto alguns atribuem a responsabilidade da
condenação de São Jorge ao imperador dos Persas Daciano, para a maioria foi o
imperador Diocleciano o responsável. Algumas recentes publicações, como o
Minéon de abril, publicado em 1985 aos cuidados do Patriarcado de Moscou,
relatam os diversos suplícios aos quais foi submetido o Santo: aprisionado,
espancado, esfolado por uma roda cheia de pregos, sepultado numa fossa,
obrigado a correr calçando botas de ferro incandescente ... e outros mais. Com
a ajuda de Deus e dos seus anjos, Jorge sai-se sempre vitorioso e incólume e
revida com respostas corajosas e cheias de fé aos seus perseguidores, muitos
dos quais se convertem ao cristianismo.
Em algumas representações e especialmente nos ícones,
o mártir Jorge aparece montado num cavalo, quase sempre branco, no ato de matar
um dragão que está aos seus pés. Na cena de fundo é possível ver com
freqüência, próximas de uma janela, algumas pessoas, entre as quais uma donzela
destinada a ser vítima do monstro faminto, se não tivesse intervido o
"Vitorioso." Esse episódio, porém, é relatado numa época mais tardia
em relação às primeiras "paixões" . Entre os ícones, existe um,
antiqüíssimo, pintado com a técnica da encáustica e conservado no mosteiro do
Sinai (talvez do séc.VI) onde os santos Jorge e Teodoro aparecem eretos,
ladeando a Mãe de Deus sentada num trono.
O
culto de São Jorge, ininterrupto no Oriente e bem cedo assumido também pelo
Ocidente como símbolo de virtude intrépida, é muito difundido, quer na
dedicação de igrejas e instituições, quer na piedade popular: desde Jerusalém,
onde já no século VI existiam um mosteiro e uma igreja dedicados ao santo, até
Bizâncio onde era venerado num orfanato; desde a Inglaterra, onde a famosa
Ordem da "Jarreteira" é na realidade a "Ordem de São Jorge"
e onde também o calendário anglicano conserva a festa, até a Rússia, onde a
imagem do santo aparecia no brasão da cidade de Moscou, e onde desde a primeira
introdução do cristianismo muitas igrejas e mosteiros lhe foram dedicados. A
mesma cidade de Roma julga possuir o crânio do santo mártir, conservado na
igreja de São Jorge al Velabro.
A Geórgia - uma das 15 repúblicas que constituíam a
então União Soviética - acredita ter uma ligação peculiar com São Jorge, também
pela semelhança do nome. Mas também no monte Athos, a montanha sagrada do
monaquismo ortodoxo, o santo é muito venerado e representado. A Etiópia e em
geral os fiéis coptos conhecem muito bem o "megalomártir," celebrado
também por eles em 23 de abril. Entre os maronitas, o culto desenvolveu-se
especialmente depois das Cruzadas.
No Mínéon do mês de abril, publicado em 1985 em
Moscou, os dados biográficos do santo informam:
«Ele morreu
quando ainda não tinha trinta anos. Apressando-se para se juntar à armada
celeste, entrou na história da Igreja com o apelido de Vitorioso».
FONTE:
DONADEO,
Madre Maria. O Ano Litúrgico Bizantino. São Paulo: Ed. Ave Maria, 1990.
Extraído
do site ecclesia.com.br
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